domingo, 28 de agosto de 2011

À luz de velas




No mar alto encontro alívio no adormecer dos olhos.
O balançar leve e o barulho doce das ondas
trazem a sensação de calma que aquieta o coração,
e os cômodos da mente mudam, na verdade, mudou a casa.
Essa nova casa tem paredes altas e escuras e suas partes são bem pequenas.
Quando entrei na sala,
estava tudo arrumado para o jantar
e meu acompanhante me esperava à mesa.
Logo que sentei não vi o seu rosto e também não houve palavras.
Apenas aquela presença indeterminada.
Perguntei-me, nos primeiros momentos quem ou o que seria este,
e quais seriam as intenções dessa visita.
Mas não o fiz as perguntas.
Nós só conhecíamos o silêncio e ele parecia ser o suficiente.
Acabado o jantar, ainda em silêncio,
fomos a um quarto onde sobre a cama
estavam algumas fotos muito conhecidas a mim.
Ele sentou-se e sem proferir uma palavra me mostrou uma a uma.
Revi amigos, matei saudades, deitei e sobre elas dormi.
Ao acordar, meu silencioso e preciso acompanhante já não estava.
Deixara-me apenas uma rosa,
deixara-me a rosa mais bela.
Dela exalava um perfume tão desconhecido quanto quem a deixou.
E a aparência...
Ah... Como era bela, cor de chá,
bem aberta e nas pontas de suas pétalas tinham um tom rosa claro.
Ele fora perfeito em sua escolha.
Quem ele era?
Não sei.
O que desejava?
Não sei.
Mas trouxe as sensações esquecidas,
trouxe em seu silêncio a voz suave do colo e do calor.
Trouxe amor.
Trouxe vida e o conforto esquecido do acordar das ondas.  



28/08/11

Nenhum comentário:

Postar um comentário