segunda-feira, 13 de maio de 2013





Se havia um vaso para quebrar, o nosso quebrou.
Jogou-se no chão a areia junto com as flores. 
Os rastros dos seus pés ficaram nessas partículas finas de adeus. 
Você se foi com passos incertos e nos deixou escorrer para onde não sabíamos.
O vento espalhou nossa vida e deixou cada grão dessa areia fina em um rio fundo, 
num vaso alheio, 
num corte profundo ou dentro de nossos olhos fundidos 
à essência de nossos desejos secretos.
Daquele dia em diante não fomos mais as mesmas.
Nem sabemos ao certo o que somos. 
Só sabemos que não somos mais.
Onde foi parar aquela areia?
Onde está a nossa vida? 
O que restou de nós quando o vento passou e dispersou tudo o que nos pertencia? 
Não é visto o que se foi.
Lembranças de um passado que sumiu com o vendaval e deixou um espaço vazio,
mas sujo com o que restou de saudade e memória daquilo que somos. 
Novos vasos tomaram o espaço e o nosso foi varrido para debaixo do tapete. 
Escondido. 
Como algo que não pode ser visto.
Como quem não deve ser descoberto pra que seus cacos não se espalhem novamente.
As visitas passam, pisam em nós. 
Somos nada. 
Somos pó. 
Moramos no nada. 
Num espaço apertado, escuro, encoberto, desprovido de nós.

12/05/13