sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O equilibrista



Meu silêncio grita,
meu olhar entrega,
mas ninguém percebe,
Mas porque não percebem?
Os olhos estão perdidos na escuridão do mundo
sem caminho,
sem rosto,
sem sombra,
sem luz de vida,
sem destino certo,
sem norte correto,
sem exemplos de sonhos
sem contos e encontros.
Sobra-me o olhar à procura do bom
que há no mundo..
no pássaro que passa,
na flor que desabrocha,
na gota de orvalho que cai na grama verde
onde o jardim se faz por cima.
Fico com o pequeno..
com o olhar da criança.
com o sorriso da namorada,
com o poste sem luz e
a lua radiante,
com o jogo das palavras,
com o toque das mãos,
com a arte do palhaço abandonado
no circo entre malabares e leões...
Entre cordas...
Equilibra-se no fio tênue
que os desejos produzem..
Fio tênue do sonho que a infância presenteou.

13/01/12

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012



Hoje

O mundo corre, 
os passos rápidos esquecem de sentir.
A vida não traz sentidos, 
esqueceu-se de tudo que importa.
Esqueceu-se o toque,
Esqueceu-se a lágrima,
Esqueceu-se o gosto.
Os sentidos automáticos 
perdem o sorriso
não vivem a essência,
dissemina o belo.
Desacostuma o espontâneo,
Dissolve o ser.
Os olhos se perdem,
os corpos crescem,
os sonhos vão embora,
o sabor se desfaz.
Desfragmentou-se o ser!


09/01/12

domingo, 8 de janeiro de 2012

Falta




Saudade que tem gosto de sal.
Saudade que já não lembra a última vez que não se fez em mim.
Faz doer por já não caber no frasquinho que eu reservei pra ela!
Frasquinho que transbordou e que inundou meu coração.
Saudade que sai pelos olhos que já não suporta sua própria existência.
Saudade que tem identidade, cor, endereço e telefone!
Saudade do café, 
do bom dia, 
de ser acordada com o teu toque 
com a tua voz.
Saudade simples, transparente, visível, 
consequente e consequência.
Saudade que é motivos de pensamento, 
de afogamentos.
Saudade bela, imensurável, 
constante...
Saudade do que foi é e SEMPRE será.
Saudade, Amor!

08/01/12

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Em busca do achado



Distante, parece que tudo não passou de um sonho,
até que o sorriso volta
a inebriar os reais dias de sol
e pintar de amarelo meu jardim de girassóis.
O que já era, descobre o que ainda é luz na vida escura,
a solidão impera nas horas que nunca passam,
desiludidas horas em busca do que já foi achado.
Introspecção no rosto cansado,
incógnita nunca respondida,
o corpo fala com a voz que o coração bravo e encorajado grita,
grita silencioso com receio de ser realmente ouvido,
mas com o desejo de ser ouvido
ainda mais no silêncio  dos momentos em que nada há...
Constante luta de mim com o que eu preciso ou com o que eu quero,
Constante desafio de cada dia longe daquilo que tanto espero.    

03/01/12

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012


Insubstantivado



Insólida parece a noite na pedra que dei o nome de vida.
Nela eu sento e observo sozinho muitas construções que chamei de passos,
muitos escombros que eu chamei de fracassos,
muitas camas que chamei de laços.

Insólidos são também os pés que fizeram os passos,
as mãos que derrubaram os escombros,
os sins que ataram de laços.

Quantas curvas fizeram as ruas até chegar na casa...
Quantos acidentes presenciei até entender que eram todos necessários...
Quanta poeira ainda terei que tirar pra enxergar o outro lado...

Lado da vida que escolhida fez do meu nada amor.
Amor que só sabe amar de um jeito estranho e seu de ser,
que sabe ser nada no tudo de um alguém.

Vejo tudo de cima da pedra, eu participo da pedra, eu sou a pedra.
Insólida pedra, moldada sempre com um quê de cada mão,
com o quê trêmulo de cada mão
...
                   

  02/01/12