domingo, 22 de junho de 2014








Entre linhas..


Entre floreios e borrões,
traços e estragos.
Apagões.
Entre a cor do hoje e o cinza de amanhã.        
Entre o lábio e o ouvido que escuta.
Entre o lábio e o outro lábio.
Entre o possível e o impossível.
Entre a corda e o pescoço.
Entre a alegria e o choro.
Entre prosas e poesias.
Entre mãos e histórias de vida.
Entre amores e olhares.
Entre lágrimas e sorrisos.
Entre, Esperança!
Você sempre esteve entre nós!

19/03/14

PALOMA MARQUES


É madrugada.
A garganta faz horas que reclama, está seca.
Levanto. Não tem água.
Os olhos, que nem dormiram, percorrem a casa 
de luzes acesas.
Esse turno, diria eu o mais silencioso de todos, 
me agrada.
Acalma a alma.
Permita-me, hoje, ser companhia para mim 
mesma e que meus pensamentos aflorem 
do mais íntimo de mim!
A noite passa e o relógio, com seu “tic-tac”,
marca o que é menos importante agora: o tempo.
A noite é som de vozes em mim
(sem esquecer a música que toca lá fora.).
As cores espatifadas em minhas paredes revelam 
o que a alma cinza perdeu e o seu anseio de respirar, 
ou seria resgatar?
Discordam os transeuntes. Dizem que as madrugadas são feitas para dormir ou 
pertencem apenas aos boêmios. 
Para mim, ela pertence às almas como a minha. 
Inteiras em seus cacos. Inquietas.
Ou à cabeças que pensam demais.
A madrugada é um corte na alma pra alguns, 
o descanso do corpo e dos olhos cansados para outros.
Para os adolescentes, a hora 
de chegar ou fugir de casa.
Para mim, ela traz a lembrança de tudo que fui.
Onde toda a minha cor escorre em lágrimas e emana em risos e expressões que, à luz do dia, se armam de cordas e cadeados.
A madrugada me mostra o que tem de melhor e pior em mim: eu. 


PALOMA MARQUES




                                                                                  22/06/14

DESABAFO



Não é desordem.
Na verdade está tudo tomando o seu lugar.
A verdade pra mim 
tem sabor de sorvete com pipoca
e cores de amor.
Mas de que importa se ela não pode ser vivida?
O que é meu ninguém rouba ou sequer me faz esquecer.
Não se vende aqui uma vida, mas pode ser que morra uma pra que outra nasça.
Os quadros não ficaram ou ficarão esquecidos.
Os couros noturnos menos ainda.
Há sabor em tudo e em tudo há vida!
Há verdade, há vida mesmo que não se queira ver.
Pode ser que tudo suma, que haja afogamentos...
Sufocamentos.            
Pode ser que de tudo só reste incerteza.
Pode ser que a dor vire alegria
ou vire mais dor.
Será isso cólera ou coleira?
Pode ser também que seja amor, 
mesmo que não viva,
mesmo que tudo morra e que, do coração,
a faca transpassada seja parte permanente.
...é pode ser que seja apenas amor...
Vivente de um coração 
que respira por aparelhos, 
respiradores, 
mas que insiste em viver.


PALOMA MARQUES
          
                                                22/06/14