segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Escrevo



Escrevo com os olhos cegos de quem quase nunca vê nada de novo.
Escrevo na esperança de traduzir as cegueiras que vivo
no poucos espaços que tomam forma com minhas palavras escuras.
Elas se colocam e se moldam ao que eu sou,
figura perfeita do tudo que se passa,
transmite sensações;

Escrevo na tentativa louca de ser compreendida,
na certeza ilógica de ser incompreendida,
nas inconstâncias que o mundo nos dá
escrevo para apenas apagá-las,
tirando de mim a possibilidade de senti-las.

Escrevo por que tenho as palavras certas pra montar o meu quebra-cabeças,
e assim questiono-me a existência,
descrevo a essência,
faço do papel transparência,
faço das linhas uma estrada sem norte.

Escrevo e com isso fico certa de que
trilho um caminho e que este terá seu fim.
Fim sem cor,
talvez sem luz,
mas um fim...



26/12/11