segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Escrevo



Escrevo com os olhos cegos de quem quase nunca vê nada de novo.
Escrevo na esperança de traduzir as cegueiras que vivo
no poucos espaços que tomam forma com minhas palavras escuras.
Elas se colocam e se moldam ao que eu sou,
figura perfeita do tudo que se passa,
transmite sensações;

Escrevo na tentativa louca de ser compreendida,
na certeza ilógica de ser incompreendida,
nas inconstâncias que o mundo nos dá
escrevo para apenas apagá-las,
tirando de mim a possibilidade de senti-las.

Escrevo por que tenho as palavras certas pra montar o meu quebra-cabeças,
e assim questiono-me a existência,
descrevo a essência,
faço do papel transparência,
faço das linhas uma estrada sem norte.

Escrevo e com isso fico certa de que
trilho um caminho e que este terá seu fim.
Fim sem cor,
talvez sem luz,
mas um fim...



26/12/11

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

ESCRITOS






Crio poesias, faço cartas, rasgo amores,
Encubro tudo com minhas palavras soltas e unidas,
encubro a tristeza do olhar,
deixo explícita a saudade,
as dolorosas e prazerosas sensações
que chamo de sentimentos
transbordam do lápis em forma de estrofes desformes e sem rimas.
Expressão máxima do tudo e do nada,
métricas, formas, espaços,
escolhas de palavras que eu nem escolhi.
Tudo se contradiz, condiz,
nos confins das linhas do caderno de pauta.
Nas letras erradas do que escrevo,
das confusões que descrevo,
no alto relevo
do papel que não apago.
27/11/11

terça-feira, 15 de novembro de 2011


Moldura





A beleza é o acordo entre o conteúdo e a forma.
O conteúdo dito, o conteúdo falado
os sentimento em si fazem sua forma.
Tua forma de pensar de agir.
Mãos delicadas impostas sobre as pernas mostrando timidez
ou sob o queixo em mostra de curiosidade.
Forma de expressão, como devo fazer?
Conteúdo de suas literaturas,
de suas cores,
de seus sons...
Conteúdo de alma branda e branca,
de coração encarnado e encorajado no pouco pelo belo.
Bela forma de ser,
bela e pura forma de olhar,
olhos simples de expressão forte,
expõe minha forma e conteúdo
como um espelho recém-comprado,
sem manchas,
desfeito das máscaras,
olhos sóbrios e cheios de significados.
Qual a diferença entre o conteúdo e a forma?
É o esquadro de quem olha. 

·         Por  Paloma e Juracy numa conversa de facebook.
15/11/11

domingo, 16 de outubro de 2011


Abstrair...se.


Sair de si é compreender-se
é viver-se em essência,
não apenas nos atos ou atitudes. 
Compreender o belo,
o lúdico,
os sonhos, os planos...
Sair de si é ver o cinza-dor que existe hoje,
o verde-força que há na alma.
Sair de si não nos torna fracos
nem traz motivos de vergonhas...
Sair de si muitas vezes, revela o bom
e traz os medos,
afastas os preceitos
e reluz as cores da alma.
Sair de si nos torna conhecedores
de uma alma que é só sua
e te permite viajar em espaços
que antes eram revertidos de mistérios.
Sair de si é a aventura errante que todo ser preso
sonha nas noites de claustro na verdade suja do ser humano.


16/10/11
 

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Jogo de cores

 



Desbotar dos papéis em tons de idade contam ao poeta uma história cheia de cores que um dia houve.
O azul apaixonou-se pelo amarelo, 
mas o contrário não aconteceu.
O azul viveu e o amarelo descobriu.
O azul sentiu, o amarelo camuflou-se.
O azul doou o amarelo recebeu e mudou a cor do azul.
O azul quis mais do amarelo, contudo, este esquivou-se.
O amarelo não pintou seu dia de azul, 
não sentiu sequer o sabor de vida.
O azul provou do amarelo em essência. 
Ele o presenteou.
No fim... 
Do que tinha de amarelo irradiou-se a cor, 
e o azul ninguém mais vê, 
ninguém mais sabe, 
não é possível enxergar nada além do amarelo inebriado.
 
07/10/11

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O não reconhecer-se








Olhar e não reconhecer a quem está vendo.
Ver-se não quer dizer conhecer-se.
Olho e vejo o sorriso doce de menina o olho de quem é feliz,
vejo verdade...
Uma verdade que findou-se com o tempo
e que hoje em seu lugar só existem feridas e cicatrizes.
Estranheza no olhar de quem olha...
A impressão de que nunca tenha sido assim.
A dúvida da existência.
O olhar que hoje é mais denso, porque não dizer duro?
A sinceridade que já não cabe mais, os velhos ouvidos que não querem mais ouvir tão bem.
O eu que jaz em um passado que sequer frutos bons deixou,
senão,
marcas de saudade...

03/10/11

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Descrição de uma alma em cores



Acho que talvez eu deixe o tempo passar pra ver minhas lágrimas lavando seu rosto
no gosto bom de primeiro beijo.

Talvez nos permitamos unir as mãos para que eu sinta a segurança
saída das pequenas mãos frias.

Talvez os olhos me digam mais quando vistos bem de perto,
na distancia suficiente apenas para olhá-los.

Que sua voz emita o silêncio necessário ao momento,
ou senão o silencio, que haja a menor quantidade de palavras possível.

Que eu consiga sentir as vibrações do seu corpo,
o seu jeito de ser em belíssima essência,
 seu toque que me cai da forma mais delicada.
O azul do seu sorriso,
o vermelho intenso da sua respiração,
o gosto rosa inesperado do seu beijo,
a felicidade que agora é amarela e que encobre o cinza que era maioria.
Meus olhos transparecem o lilás vivo que há muito já não se via
e os seus trazem a multicor que há muito eu procurava.

Cores dispostas na vida são escolhidas ao sabor da ocasião.

26/09/11

domingo, 18 de setembro de 2011

Santíssima Trindade




Maria, aquela que concebeu por escolha do Pai
e por meio do Espírito Santo o Filho que se chamaria Jesus.
Ela, que foi o primeiro sacrário da Santíssima Trindade,
mãezinha, cheia de graça aos olhos de Deus.

O nosso bom Deus,
primeira pessoa do belo mistério,
aquele que por amor enviou seu único
filho para tirar de nós todos os pecados,
Ele, que também provou da dor de ver aqueles
a quem mais ama blasfemarem contra o seu amado filho.
Deus que antes de qualquer coisa é amor e misericórdia.
Deus pai ofertou-nos a vida em troca de um único pedido:
Ame a mim e a seu próximo.
Ele que nos fez a sua imagem e semelhança,
aquele que olhou pra mulher pobre de bens e riquíssima em fé, 
a enviou o anjo e a deu O Filho.

Jesus, a segunda pessoa dentre as três que são unas.
Belo e amável veio a terra,
homem de corpo e sangue puros.
Corpo de homem,
coração de infinita compaixão e amor.
O belo homem que transmite paz por seus olhos. 
Que nasceu no que parecia impossível,
que viveu a infância pobre com pais dedicados,
que se fez homem e continuou amando.
Homem feito de milagres, 
homem que se recolheu e rezou.
Que tem sabedoria vinda do Pai, 
ele cresceu fez da água vinho, curou enfermos,
perdoou pecados, salvou vidas perdidas,
que deu a vida de volta a um homem que jazia há quatro dias.
Jesus que transpirou sangue,
que se deu aos seus em forma de pão e vinho,
que comungou paz.
O Senhor que se deu na cruz, 
que se deixou furar e sangrar por nós.
Jesus vivo, santo e poderoso.

Ele que entregou a ela o filho, sem pecados.
Espírito Santo, a terceira pessoas de apenas uma. 
Ele que já diz tudo no nome que carrega.
Espírito Santificador,
aquele que nos dá a possível santidade,
que nos consola que nos defende.
Que se faz no filho e no pai que também são apenas um.
Espírito Santo que entende as palavras,
que nos mostra as que usar. 
Espírito modificador de almas,
laço que nos uni a Deus pai-filho.
Espírito pronto para guerras. 
Existente para proclamar-se e realizar-se em um só Deus. 
 
Um que é três, três que se faz presente em um só.
O mistério que é a graça do Deus-pai,
o amor do Deus-filho e o Espírito Santo-presente com sua imensa luz.
Deus uno em mistério de vida. 
A nós, resta crer, viver e sentir unidade. 
Resta-nos ser casa, sacrário de Dele.

“É mais fácil por o mar em um buraquinho que entender a trindade e todo seu mistério”

17/09/11

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O RELÓGIO DO TEMPO...



Talvez o tempo precise de um pouco mais de tempo...
Os segundos passam rápido demais pra todo mundo,
é difícil fazer o que precisa ser feito...
As horas parecem mais curtas,
os relógios não seguem o compasso que nós tentamos fazer dele.
Por vezes ele para...
E as angústias começam a se apresentar...
Pois aí começamos a ter noção daquilo que não vemos quando ele caminha
fora do nosso tempo...
Tudo parece mudar, e nem sempre pra melhor...
Tudo parece sem ritmo...
A vida não passa...
Será necessário fugir do tempo pra viver da forma que ,
aparentemente, nos é confortável?
O tempo que há muito ouve-se que é o remédio de tudo,
trará realmente o perdão?
Trará realmente  o amor..?
Trará o que eu procuro?
...


15/09/2011

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Escrito de amor à cruz



Aos olhos de Deus estão nossos
esforços e amor pela cruz.
Está em Sua direção cada palavra
de gratidão por cada espinho que nele foi fincado.
Para cada gota de sangue
que ele derramou realizou-se um milagre.
Aos pés do Cristo crucificado
encontro-me e vejo os pecados se esvaindo.
Vejo a santidade e seu oposto se apresentarem.
Vejo os velhos desacreditados orando,
pedindo, clamando aos céus.
Aos pés da cruz escancara-se o sorriso doce do meu Amor vivo,
revelam-se os desejos, os prazeres da vida eterna,
as palavras simples do meu Senhor.
Aos pés da cruz está Seu povo amado,
amando.
Aos pés da cruz não se vê mais
lágrimas de sofrimento.
Aos pés da cruz temos o
milagre a ressuscitação.

 
02/09/39

domingo, 28 de agosto de 2011

À luz de velas




No mar alto encontro alívio no adormecer dos olhos.
O balançar leve e o barulho doce das ondas
trazem a sensação de calma que aquieta o coração,
e os cômodos da mente mudam, na verdade, mudou a casa.
Essa nova casa tem paredes altas e escuras e suas partes são bem pequenas.
Quando entrei na sala,
estava tudo arrumado para o jantar
e meu acompanhante me esperava à mesa.
Logo que sentei não vi o seu rosto e também não houve palavras.
Apenas aquela presença indeterminada.
Perguntei-me, nos primeiros momentos quem ou o que seria este,
e quais seriam as intenções dessa visita.
Mas não o fiz as perguntas.
Nós só conhecíamos o silêncio e ele parecia ser o suficiente.
Acabado o jantar, ainda em silêncio,
fomos a um quarto onde sobre a cama
estavam algumas fotos muito conhecidas a mim.
Ele sentou-se e sem proferir uma palavra me mostrou uma a uma.
Revi amigos, matei saudades, deitei e sobre elas dormi.
Ao acordar, meu silencioso e preciso acompanhante já não estava.
Deixara-me apenas uma rosa,
deixara-me a rosa mais bela.
Dela exalava um perfume tão desconhecido quanto quem a deixou.
E a aparência...
Ah... Como era bela, cor de chá,
bem aberta e nas pontas de suas pétalas tinham um tom rosa claro.
Ele fora perfeito em sua escolha.
Quem ele era?
Não sei.
O que desejava?
Não sei.
Mas trouxe as sensações esquecidas,
trouxe em seu silêncio a voz suave do colo e do calor.
Trouxe amor.
Trouxe vida e o conforto esquecido do acordar das ondas.  



28/08/11

sexta-feira, 26 de agosto de 2011




O amor faz do poeta um louco.
Um louco idealizador dos encantos do ser,
capaz de qualquer coisa por um momento de solidão a dois.
O poeta vive as dores expressas no pequeno papel afogado de pensamentos.
O amor não é claro não é triste nem feliz,
o amor é o simples amor.
A luta diária por um sim do outro,
memórias de alguns momentos inesquecíveis,
intransferíveis.
O amor vive a relação intrínseca ente o ciúme e a liberdade.
Vive a opção do não ser.
A excepcional rejeição e solitude causada pela não presença.
O amor vive o momento,
as causas,
as consequências,
vive a dor,
o ardor do embolar dos lábios.
O amor vive o tudo dos dez minutos de presença
e o nada dos cinco de ausência.
Dele faz-se a aurora da vida,
encaminha-nos ao leito eterno da busca pela metade.
O amor vive tudo,
só não a realidade do não ser amor.

26/08/11

sexta-feira, 19 de agosto de 2011


Transição estranha






Infância feliz, aproveitada.
Correr nas ruas, andar de bicicleta, subir e pular os muros das casas vizinhas.
Infância tão amada que deixou tanta saudade.
Sonho de pai.
A perfeição paterna se fez, os ensinamentos maternos se deram.
A luz da vida vista nos olhos de criança.
Banhos de chuva nas calçadas,
laços estreitos com o tudo de verdade que saia dos gestos.
Fim.
Inicio de adolescência sentida, dificuldades de expressão,
medos diante do outro, armas à postos.
Sentimentos aflorados e encobertos.
Mudança de corpo, a biologia da vida se fazia no seu mais profundo estágio em mim.
A descoberta dos desejos, e ainda existia a vontade de colo que já não havia.
Anos obscuros pintados de preto e vermelho.
Nem tudo agora tinha o tudo de verdade da infância, nem tudo era declarável.
O todo do mundo me exigia e eu na coragem da adolescente enfrentava,
enquanto também me escondia na fragilidade de criança.
E a vida mudava, movia-se.
Eu já não era mais eu, minhas verdades pareciam mudadas e firmadas.
Os sentidos já tinham um  “Q” de automáticos. 
Os olhos já viam mais do que os era mostrado,
a alma queria muito além do que lhe era permitido.
Misto de medos e insegurança,
de paixões e descobertas em minha amável e confusa adolescência.


‘Texto feito durante a aula de psicologia evolutiva II,
 nem sei por que decidi postar.’  

18/08/11