domingo, 22 de junho de 2014



É madrugada.
A garganta faz horas que reclama, está seca.
Levanto. Não tem água.
Os olhos, que nem dormiram, percorrem a casa 
de luzes acesas.
Esse turno, diria eu o mais silencioso de todos, 
me agrada.
Acalma a alma.
Permita-me, hoje, ser companhia para mim 
mesma e que meus pensamentos aflorem 
do mais íntimo de mim!
A noite passa e o relógio, com seu “tic-tac”,
marca o que é menos importante agora: o tempo.
A noite é som de vozes em mim
(sem esquecer a música que toca lá fora.).
As cores espatifadas em minhas paredes revelam 
o que a alma cinza perdeu e o seu anseio de respirar, 
ou seria resgatar?
Discordam os transeuntes. Dizem que as madrugadas são feitas para dormir ou 
pertencem apenas aos boêmios. 
Para mim, ela pertence às almas como a minha. 
Inteiras em seus cacos. Inquietas.
Ou à cabeças que pensam demais.
A madrugada é um corte na alma pra alguns, 
o descanso do corpo e dos olhos cansados para outros.
Para os adolescentes, a hora 
de chegar ou fugir de casa.
Para mim, ela traz a lembrança de tudo que fui.
Onde toda a minha cor escorre em lágrimas e emana em risos e expressões que, à luz do dia, se armam de cordas e cadeados.
A madrugada me mostra o que tem de melhor e pior em mim: eu. 


PALOMA MARQUES




                                                                                  22/06/14

2 comentários:

  1. O escuro ilumina o em nós que à luz se sublima.
    GK

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    1. Que a madrugada seja a escuridão iluminada dentro de nós, então.
      Abraço!

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