sábado, 5 de maio de 2012



Desculpe-me a saudade, o engano, o choro.
É que eu me vi livre não querendo ser,
querendo não ter essa liberdade que um dia eu quis
e achei que fosse vida.
Eu me vi criança sem vergonha de ser,
me vi crescida lutando pra entender o que me prende
nesse mundo amargo de adultos.
Vi-me jovem destinada a nada e querendo tudo,
amando tudo, ansiando nada.
Andando nos vales escuros da alma vazia,
pisando em sombras de gente que jazia num terreno anteposto a mim,
mas que tinha meu sangue correndo nas veias.
Vi meus entes ficarem,
desfalecidos no cansaço do mundo,
do corpo,
falecidos de chão mesmo parecendo muito vivos.
Lembrei-me de tudo num sonho passado da noite que acabara de começar.
No arquivo perdido nas cartas que escreveram nos desesperos de outros tempos.
Registraram meus espelhos,
recordaram quem eram em mim.
Desejaram não ser.
Desfizeram o ser e então eu descobri que tudo que tinha ali era eu.
Parte falecida e viva.
Decomposta.
Solitária.
Afogada nas sombras.
Eu descobri que tudo era eu.




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